O (des)valor do Pensar
A reta razão (o Pensar metódico) tirou
do homem a inocência no agir, a inocência de ver o mundo de forma simples e
uniforme, como sendo tudo interligado naturalmente. Isso porque hoje não se age
livremente, quero dizer, para tudo que se faz há métodos e rigores a serem
seguidos, os quais depreciam o sentimento humano.
“As forças da natureza tudo une,
enquanto as do entendimento, tudo separa”. Com isso, dá para perceber o quanto
o metodismo da Razão agride a capacidade do homem de deixar embelezar-se pelos
acontecimentos, pelos fatos e pelas coisas da vida. Hoje, o homem não tem mais aquela
simplicidade poética. Ele vive em uma busca incessante pela glorificação e pelo
bem-estar desregrado.
Acreditar no outro tornou-se tarefa
demasiado complicada. O outro mente, ludibria, faz tudo para enobrecer-se. O
homem que Pensa percebe, se deprime por isso. Se tentar fazer algo contra, há
dez que nada fazem. E essa proporção aumenta conforme aumentam aqueles que
lutam por uma reviravolta ético-moral.
Pensar, portanto, tem seus prós e
contras. Pensar enquanto método para mudar algum aspecto mundano é um valor
inquestionável. Pensar enquanto possibilidade de enxergar as mazelas de outrem
é um fado que temos de carregar. É, então, pensar conforme a natureza que o
homem vê na vida a simplicidade desta, de modo uniforme; e é Pensar conforme o
entendimento que o homem vê tudo de modo heterogêneo. Vê o mundo como não sendo
o melhor mundo possível. Isso deprecia o espírito e o põe na fronteira entre o sentir
e o fugir.
Assim, o homem sente ou
foge. Se se permite sentir, pode não obter sensações agradáveis; se foge, não
se permite viver. Finalmente, o Pensar coloca o homem perante seus valores e
deveres – enquanto agente –, mas também retira, muitas vezes, seu
sentimentalismo – enquanto ser emocional.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDênis,
ExcluirSua reflexão é muito objetiva. Trata-se de uma análise direta de um fenômeno que tanto nos incomoda: o racionalismo. No livro "Os cientistas de Hitler" há uma frase que diz: "Somos primeiro um ser humano e, depois, um cientista". Talvez se levássemos isso em consideração, e seu texto traz uma contribuição para o debate, seríamos muito mais felizes.
Parabéns pela precisão de sempre.
Não deixe de fazer novas postagens. Seu Blog é um espaço privilegiado de debate de ideias.
Grande abraço!
Manassés