Relações humanas

Democratização do pensamento

O que se entende por democratização? Basicamente, que uma ideia, uma posição, um cargo, o que quer que seja, torne-se uma partilha de todos e que estes possam relacionar-se, de alguma forma, com o que está em questão. Tudo isso deliberadamente, sem imposições.

Não vivemos, formalmente, em regime opressor. Vivemos em uma Democracia. Representativa, mas, em princípio, Democracia. No entanto, vemos em instituições, em partidos políticos, em doutrinas religiosas e em tudo o que desperta ideologias a soberba vontade de impor ideias, opiniões, pensamentos.

Democratizar o pensamento é permitir que o próximo critique-o também. A imposição de ideias ou ideologias é mesquinhez, prepotência, arrogância. Não se pode estar certo sempre. É preciso reciclar e lapidar opiniões quando há necessidade.

Então, partilhar “saberes” com outrem é dar ao outro a possibilidade de julgar e, se for preciso, permitir a crítica. Não há espaço para a ditadura do pensamento. Este é uma aptidão compartilhada por todos – com ou sem método –­­­­­­, mas de todas as pessoas sãs.

Portanto, democratizar o pensamento nada mais é que deixar o próximo usufruir deste, e, mais do que isso, permiti-lo que o usufrua de maneira, também, lapidar. Em outros termos, compartilhar conhecimento é compartilhar uma estrutura que sempre se pode colocar ou tirar incrementos. Pois, se houver necessidade de ajustamentos, por que impor algo incerto, arbitrário ou mesmo danoso?

Pensar move o mundo, e este não se resume a um indivíduo em particular. A permissão que possibilita uma maior quantidade possível de homens partilhando de uma mesma ideia saudável é o ponto de partida para a evolução desta. Sendo assim, a ditadura do pensamento só eleva as conveniências do “ditador”.

Comentários

  1. Na democratização do pensamento, o ato de ouvir o outro precisa ser praticado. Entretanto, no caso dos "ditadores de idéias", não há espaço para a comunicação saudável e democrática.
    Muitos dos atos de intolerância que presenciamos no presente, é fruto do que se aprendeu no passado; forma equivocada de ver o mundo, na tentativa errônea de liderança (falida). Não à imposição.

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  2. Você está certa, Raffa.
    Mas me referi à imposição no que concerne à visão estreita e unilateral daquele que vê suas ideias como as únicas plausíveis. Isto é, imposição aqui não significa a força imposta para que todos sigam uma ideia, e sim, uma visão pretensiosa e ortodoxa.

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  3. Apesar de não gostar da palavra democratização que me lembra democracia (ditadura da maioria). Gostei do post. Quero dizer também que o que mantém o pensamento regido por poucos "ungidos" ou de "imaculada sapiência" é o silencio e a vassalagem de muitos. Ou como refletiu Um professor universitário:" Na sala de aula sou o detentor das opiniões de alunos, visto que se um deles falar algo incorreto ou que não me agrade, humilharei o mesmo diante de seus colegas, para que ele se sinta o que realmente é: um verme. Alguém ousa me contestar? Não... Não? Não?! Não!!! Nenhum desses estúpidos ousa me contestar! Eles me temem, eles me odeiam e me amam."

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  4. Isso mesmo! Também concordo que Democracia é a ditadura da maioria. Mas deixei claro o que se entende por democratização, que é a lapidação do pensamento por todos que pretendam fazer isso.

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