Direito de morrer
A eutanásia, assim como o aborto, é um
tema controvertido e, acima de tudo, polêmico. Obviamente, não dá para tratar
do assunto em, no máximo, dois mil caracteres (critério que eu uso para as
postagens no blog).
Podemos ver no documentário ao lado a luta de um inglês pelo direito de tirar sua
própria vida. Como pode, o Estado, proibir o ser humano de tal ato cuja
consequência será apenas para o paciente? Mais uma vez há, nessa proibição, a
falta de uma racionalização livre de dogmas e de concepções arbitrárias, seja
de qual espécie for.
Há três tipos de eutanásia que podemos
caracterizar: a voluntária, a não-voluntária e a involuntária. A primeira caracteriza-se pela decisão do próprio
paciente para que tirem sua vida, esteja ele autoconsciente ou não enquanto
sofre com uma doença incurável ou com sequelas de um acidente gravíssimo, por
exemplo. Isto é, a pessoa pode deixar claro, em algum momento de sua vida, que
pretende passar por esse processo se alguma coisa acontecer e que lhe deixe em
uma situação que ele não suportaria passar.
A eutanásia não-voluntária acontece quando alguém decide por tirar a vida de uma
pessoa que não é capaz ainda de consentir ou não essa prática. Essa decisão
ocorre em detrimento do sofrimento desse. Por exemplo, uma criança que nasce
sob doença grave que lhe causa terríveis dores ou sofrimento de outro tipo.
Por fim, a involuntária é determinada pela decisão de um terceiro em tirar a
vida de alguém, quando esse é capaz de consentir, mas não o faz. Esse tipo de
eutanásia, como é de se esperar, não é justificável, a não ser em casos
extremos ou irreversíveis.
Isso exposto, como defende Peter
Singer, em sua obra Ética Prática, a
eutanásia só é justificável quando os que forem mortos: “(1) não tiverem
condições de consentir com a própria morte por faltar-lhes a capacidade de
compreender a escolha entre a continuidade da sua própria existência ou a
não-existência, ou (2) tiverem a capacidade de escolher entre a continuidade de
sua vida ou morte, e tomarem a decisão informada, voluntária e firme de
morrer.”
Está na hora de acordarmos para o fato
de que sofrer não pode ser uma benesse. Não podemos ser totalmente passivos da
vida. Devemos ser, antes de tudo, ativos e decidirmos sobre o que queremos e o
que não queremos. Do ponto de vista humano, que somos isso, e apenas isso, não
há impedimento algum que nos leve a repugnar tal prática.
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