Existir
Não nascemos maus ou bons. Nascemos
como uma folha em branco, como defende o filósofo inglês John Locke. Ao sermos
lançados no mundo, essa folha sem conteúdo vai sendo preenchida a partir das vivências.
Somos livres. Desenhamos nosso próprio destino. Este não é gravado em nós antes
de nascermos. Tornamo-nos aquilo que decidimos nos tornar ou, pelo menos, somos
consequências de nossas escolhas.
Buscar a salvação nos céus é se anular
enquanto Homem livre. O Homem se define por viver, e não por ser vivido. Isto
é, o que caracteriza-nos enquanto Homens é o fato de sermos os próprios autores
de nossa história. Esta não nos é impregnada por meio de um espírito imaterial
que assenta sobre nossa matéria.
Devemos ser responsáveis pelos nossos
atos. Não viver voltado para o além-mundo nos põe com a face plantada para a
responsabilidade individual. Assim, podemos agir de acordo com a possibilidade
de vivermos em sociedade. Para isso, não é preciso ter a imagem de um Ser superior,
uma vez que decidimos nossas ações e construímos nossa história.
Não há julgamento post-mortem. Há, sim, consequências más se nossas escolhas forem
irresponsáveis. Para o Homem é preciso inventar, viver, se renovar. Não estamos
aqui para sobrevivermos arraigados em conceitos extramundanos. É preciso se
renovar quando seus valores já não mais servirem para a realidade que se
configura. Porque esta — a realidade — não é fixa. É mutável.
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