Política,
reflexão e ética
O filósofo contra o corrupto - Cesare Maccari |
Vemos que, desde muito tempo, a
política foi desmembrada da ética. Talvez não por método — ou seja, que falem
de coisas distintas —, mas por demérito de quem pratica a primeira. Nem toda
reflexão ética é estritamente política, mas todo pensamento político (não o
partidário) é, necessariamente, um pensamento de cunho ético, pois visa o todo,
e não uma parte.
As ações políticas interferem de modo
direto na vida da sociedade. Aquela é praticada para que seja possível a
manutenção de uma vida digna de ser vivida. Os políticos de outrora eram,
também, pensadores. Salvo as excepcionalidades de cada época, todos procuravam
pensar o Homem, e agiam conforme necessitavam os conceitos aos quais chegavam.
Um dos exemplos dessa forma de
governar foi o imperador romano Marco Aurélio (121-180 depois da era cristã).
Escreve ele:
Na vida do homem a duração é um ponto, a substância fluente, a sensação embotada, o composto de todo o corpo fàcilmente corruptível, a alma em perpétuo torvelinho, o destino enigmático e a fama algo de indiscernível. [...] a vida, uma guerra, um exílio em terra estranha; [...] Quem nos poderá guiar no meio disto tudo? Uma só coisa, penso eu: a filosofia. (AURÉLIO, Pensamentos, II, 17).
Sendo assim, o que não temos atualmente
é quem aja de acordo com propósitos éticos e/ou com pensamentos reflexivos. A
reflexão para o todo esvaneceu-se, se perdeu com o tempo. As leis, as quais
pretendem igualar o Homem, são teorias vazias e praticáveis apenas onde se
detém o maior poder. A política e a ética atuais são uma farsa, pelo menos em
países de terceiro mundo como o nosso.
A omissão e a covardia são
os principais causadores da desconexão entre essas duas vertentes das relações
humanas que são imprescindíveis à convivência entre os cidadãos.
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