Os
luciferianos da era moderna
Na literatura judaico-cristã,
Lúcifer, o Portador da Luz, foi expulso do Paraíso por não aceitar de antemão a
postura imposta por Deus — esta de forma rude e intolerante. As Luzes, o famoso
Iluminismo, valeram-se metodologicamente do mesmo movimento.
A investidura numa postura
autônoma, que conduziria a uma finalidade mais racional e menos supersticiosa,
obteve êxito. Foi superior à vontade de outrora de Lúcifer, o qual foi
condenado a viver perpetuamente em um suposto submundo. Com as Luzes, o efeito foi
reverso. O submundo logo fora substituído pelo mundo iluminado da mente humana,
e não mais da mística.
Porém, se entendem “submundo” como
autonomia, como o calor das decisões não mais infundadas, como o tridente que
espeta a ignorância, como a ira que rebenta quando a razão lógica é subposta à
convicção nebulosa da fé, Lúcifer está inserido em sua própria autossuficiência
ativa, que não se curva às arbitrariedades impositivas.
O Iluminismo, assim como o Portador
da Luz do Paraíso, são os exemplos de que a ação humana não deve ser guiada.
Deve ser antes guiadora, suficiente por si mesma, capaz. Esta inerência que
possuímos à nossa vivência foi trancafiada e reprimida. O medo da perda do controle
do poder e da opressão foi, talvez, o principal agente de tal atitude.
Encontramo-nos autônomos.
Cabe-nos exercermos tal conquista. Lúcifer e os Iluminados não são meros coadjuvantes. São eles os ícones de
liberdade ativa, a qual adentra a possibilidade de sermos ativos e não meros passivos
nessa orgia de pensamentos e opiniões. É preciso que desmitifiquemos o
discriminado Diabo como figura má. Ele é o primórdio da liberdade.
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