Que me deixa no tempo de outrora,
Sempre impossibilitado de ultrapassá-lo,
De transpor os obstáculos.
É um tempo de menino,
De adolescente,
De adulto.
Mas, sempre, um mesmo tempo.
Os mesmos problemas,
A mesma lacuna existencial
E o mesmo obscurantismo.
Por quê?
Porque é a mesma vida,
Porque é o mesmo Eu,
Embora tente mudá-lo ou adaptá-lo.
Um vazio preenchido de mais vazio.
É contraditório.
Mas viver é isto: inconcebível.
Um balde furado,
Uma analogia vital:
Mesmo se preenchido, logo voltará a esvaziar-se.
A maior luta é preenchê-lo de conteúdo denso,
Conteúdo que demore a vazar.
Uma vida, um balde vazio e conteúdo:
Tudo que preciso para continuar,
Tudo que preciso para viver,
Tudo que preciso para ser.
Afinal, naquele tempo pessoal
O recalque se encarrega de me deixar nele,
O que importa é o que eu posso fazer deste tempo.
É preciso engrossar o fluido,
Para que, no balde furado, demore a escoar.
É vida,
É existência,
É furo,
É conteúdo.
É um Eu embaraçado.
Um vazio constante que insiste em ser algo.
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