Embora estejamos sempre imersos num contexto social, nos relacionando com os outros, somos sempre genéricos quando nos juntamos à multidão. Sempre que estou dentre muitos, perco minha identidade individualizante e me junto a todos aqueles que estão à minha volta. Não uma perda subjetiva, como se eu me perdesse de mim próprio. Mas uma perda enquanto referencial para outrem.
Sou impessoal na companhia de várias pessoas. Uma convivência em grupo iguala uns aos outros em seu anonimato. Se, ao estar junto a outros, invoco aquilo que me individualiza, logo serei alguém à parte, alguém que se destaca por ser aquilo que o “conjunto” não é.
O “a gente”, o “rebanho”, a “multidão” ou algo que o valha, são a expressão de uma impessoalidade, em maior escala, dos seus componentes. O consenso desta comunidade, no que se refere à sua manutenção, é tal que impossibilita a individualização de cada um de seus integrantes.
A nossa inautenticidade obscurece, quase sempre, nossa autenticidade, ou seja, nossa forma anônima e genérica obceca nossa forma individualizada de ser, que é inerente a cada um.
A generalidade da vida corriqueira nos faz impessoais. Os fatos banais nos tragam para dentro de si, nos tornando mais um entre todos.
Mesmo sem ter um Eu rígido — definido ou definível —, tenho características que são minhas enquanto um ser que tem liberdade e, portanto, autêntico. E é a isso que a impessoalidade de que falamos se contrapõe.
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