Pensei em ser uma mente habitando um corpo.
Pensei encontrar no mundo aquilo que nele pusera.
Encontrava nas coisas, antes, construções do meu intelecto.
De Platão a Descartes, fui depois quase que convencido de que o mundo era produzido de mim.
O mundo real, pretenso espelho do inteligível – afirmava Platão;
O mundo real, concebível a partir de minhas ideias – defendia Descartes.
Não me vejo de outra forma senão posto em situações.
Se a filosofia me ensinou, em um certo momento, a desprezar o mundo, me ensinou, também, a tê-lo sempre comigo.
Sou eu, sou mundo.
Não penso para existir;
Eu existo, e, por isso, penso.
O mundo me contém e eu contenho o mundo.
O que seria da minha relação com você se o nosso campo existencial não nos fosse comum?
Penso, ajo, relaciono-me...
Eu penso porque minhas experiências me proporcionaram pensar.
Mas é certo que se não tivesse a mim, o mundo nada poderia exercer.
Estou aberto ao mundo incessantemente.
Penetro-o e o deixo penetrar-me, mesmo sem permissão.
Porque sou esta estrutura para a qual o mundo, as coisas e outrem convergem em minhas vivências.
Nada seria entendido neste texto se você não o lesse com o pano de fundo de suas experiências.
Adquiro esta competência vivendo.
Vivo, irremediavelmente, neste mundo que é meu, que é seu.
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