ANSIEDADE | Edvard Munch |
Por que não posso ser apenas uma sensação minha? Porque, para que eu me sinta, é preciso que, antes, eu seja algo. Para me sentir, não é preciso que eu seja algo anterior em espírito, que só depois me juntaria ao corpo. Para me sentir é preciso que eu tenha a capacidade para isso.
Ser uma sensação própria não se limita apenas à corporeidade de si, das coisas e do mundo que o circunda. Ser uma sensação própria, mesmo no sentido em que Pessoa afirmou, é ser um Ser que vive suas sensações, amplamente compreendidas. Contudo, o limite de existir não é se sentir.
Existir é estar direcionado para fora, dirigido para aquilo que não é você mesmo. A sensação não é uma parte de mim nem das coisas. Ela é uma condição pela qual me construo, me faço e me refaço no seio do mundo. Isto é, a sensação faz parte de um enredo existencial no qual eu vivo, formulo-me e formulo as coisas que estão aí, no mundo. Apenas um Ser que não é capaz de sentir e dar significados a esta sensação é destituído de animosidade; ele é um ser fechado em si mesmo, indiferente.
Dito ainda de outra forma, a sensação forma-se porque sou senciente, porque sou um Ser de abertura para elas, um Ser que sente. Se eu não fosse esta abertura, jamais seria uma sensação minha, porque não me sentiria. Em partes, Pessoa está certo, porque também sinto-me e vivo conforme este sentir. Porém, não sou apenas isso: sou um ser para o qual existem sensações e, o mais importante, sou um ser que se abre ao sentir.
Complexo.
ResponderExcluirComplexo.
ResponderExcluirTalvez eu pudesse ter me feito entender melhor.
ExcluirQuis dizer que a sensação é condição pela qual eu me capto enquanto ser senciente, que olha, que toca, que se sente, que se toca, etc. Neste sentido, eu não sou apenas uma sensação minha, porque eu não sou apenas sensação, mas possibilidade de sentir.
Obrigado pelo comentário!