NAVIO NEGREIRO | Rugendas |
Em seu Artigo I, tal declaração explicita a igualdade entre todos os seres humanos. Idealmente, toda a nação do planeta Terra seria igual e praticaria a igualdade, conforme esse artigo.
Contudo, a prática contradiz a teoria. Nossa sociedade ainda sofre as mazelas da segregação racial. Hoje, esse apartheid é tácito, não mais declarado, como no Brasil escravista – há pouco mais de apenas um século – e na África do Sul de Mandela, há algumas poucas décadas.
Para piorar, muito antes desses dois exemplos citados, no final do século XVIII, houve a Revolução Francesa, defendendo seus ideais de Igualdade, Fraternidade e Liberdade. Mas que sua práxis, em muito, ao redor do mundo, apenas visitou a dimensão ideal, sem muita aplicação na realidade. Em se tratando de etnia, o problema é mais nítido.
Afirmar que devemos lutar a favor de uma suposta Consciência Humana – e subestimar a luta da Consciência Negra – é permanecer na inação perante as diferenças sociorraciais.
Só podemos tratar desigualdade com desigualdade, como defendi, resumidamente, em A desigualdade dos iguais.
Se a tal Consciência Humana fosse, realmente, um espelho de libertação, hoje, os negros não precisariam lutar pela Consciência Negra. É preciso, portanto, um ativismo de reivindicação e de afirmação, para que seus direitos sejam a garantia de igualdade e a discriminação seja combatida efetivamente.
Em suma, a Consciência Negra é uma “política” imediata, que preza a igualdade urgente. É a melhor ideia a se buscar? Não, porque esperávamos que todos fossem tratados por igual, realmente. No entanto, é só o que temos para o agora. É necessária frente ao racismo real da sociedade e pelo fato de não dar mais para esperar que a teoria do Artigo I da DUDH seja posta em uso, uma vez que já se mostrou quimérica.
O “humanitarismo” da Consciência Humana é falso. É a omissão dos que não querem enxergar as diferenças. É a manutenção da inércia.
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