DIÓGENES DE SINOPE | Jean-Léon Gérôme |
A profissão “filósofo” sempre não me foi muito palatável. E não o é. Filosofia não deve ser puramente uma disciplina técnica, embora o tentem fazê-la assim. Muito menos, o filósofo – ou todo aquele que reflete seriamente, em geral – deve ser um mero técnico daquilo que lê.
A filosofia é um direcionamento que o humano, desde que se concebeu em sociedade, consciente de si e com uma linguagem complexa, deu à sua própria existência. É um modo de viver.
Um conhecimento enciclopédico sobre a história da filosofia, a fim apenas de uso profissional, parece alimentar mais a vaidade intelectual de quem o profere do que servir à sua própria existência.
A filosofia também não é e não deve ser produto exclusivo dos “filósofos profissionais”. Ela deve ser um nobre adendo à forma humana de viver.
Enquanto a massa disforme e negligente segue seu rumo sem ao certo saber aonde vai, os verdadeiros filósofos – aqueles que estão preocupados com o real sentido da sua vida, do mundo e da relação para com outrem – preocupam-se com uma maneira apropriada de existir.
Se o filosofar não for o mesmo que fazer uma autêntica filosofia da vida, na prática, esta disciplina torna-se tão estéril quanto os romances juvenis de massa.
Não sendo o problema da existência em geral o princípio norteador da filosofia, a humanidade continuará a caminhar em direção ao vazio que se alastra em meio à tempestade de novidades cotidianas. Para isso, é preciso que filosofar seja uma atividade prática; não simples e meramente acadêmica.
Nossa vida já contempla a filosofia, uma vez que a primeira é um constante embate, conhecimento, autoconhecimento, escolhas. O que nos resta é fazer da filosofia nossa vida; fazer do filosofar uma prática vital.
Cabe-nos, por fim, repensarmos – não necessariamente no sentido de reformularmos – as grandes questões filosóficas: a ética, as virtudes, a felicidade, a natureza, o outro.
Perfeito. O seu raciocínio é bastante pertinente. Chega daquela imagem da filosofia como "viagem" ou comentários semelhantes. a filosofia deve andar atrelada à vida. sem este a atributo, o conhecimento perde o sentido e vira mero exercício de vaidade. sobre a inserção do conhecimento filosófico em nossas vidas, recomendo o livro "aprender a viver", do filósofo luc ferry. apesar do título remeter a um manual de auto-ajuda, o autor propõe justamente isso que que você expôs no seu texto. no mais, parabéns pelo escrito e continue assim.
ResponderExcluirObrigado pela recomendação e pelas palavras, Sérgio!
ExcluirFilosofia, realmente, é e deve ser uma forma de (ou aprender a) viver.