Por que compreender o homem é primordial?

UM ESTUDIOSO EM SUA MESA |
Ferdinand Bol
O mundo – e nós mesmos – não é determinado por leis culturais e éticas apartadas do homem. O movimento sempre vivo da cultura e das relações humanas é abastecido pela exterioridade da subjetividade dos indivíduos de uma sociedade.

Embora já nasçamos em um modelo social em curso, podemos agregar valores que, de alguma forma, construímos durante nossa vida. Podemos também aceitar ou negar toda aquela conjuntura social na qual emergimos.

A cultura, grosso modo, é um conjunto de práticas de uma referida comunidade. Dessa forma, não podemos compreender uma comunidade sem pessoas, e pessoas sem subjetividade e individualidade. Com isso, a sedimentação dos costumes e hábitos é estabelecida pelo desenvolvimento das ações de cada um e de todos – do micro ao macro, respectivamente.

A importância de pensarmos o homem e tudo que dele é proveniente, tendo em vista que a Natureza não promove cultura, é a de que nos permite formular modos de vida de inclusão e respeito, por exemplo. 

Uma vez que somos os promotores de nossa vivência, devemos tratar o saber cultural como criação que diz respeito apenas a nós, enquanto seres que exteriorizam a subjetividade em enredo da existência.

O homem não é uma exceção ao mundo, no sentido de que ele se pretenda ser especial frente aos outros seres. Porém, se distancia dos outros animais na mesma proporção em que idealiza novas “formas de vida”. Sendo assim, uma cultura não deve ser pautada em leis que não tenham o homem como referência. Para tanto, é preciso que se pense o ser humano de modo que todos estejam numa mesma esfera existencial. 

Isso só é possível se elaborarmos uma concepção séria e aprofundada sobre a questão humana, sem se deixar cair nas determinações que nos limitam e nos segregam entre nós mesmos.

Por fim, a propósito de reflexão, deixo uma citação do filósofo francês Francis Wolff, no seu livro Nossa Humanidade: de Aristóteles às Neurociências: “nossa maneira de tratar os anoréxicos, de reprimir ou tratar a homossexualidade, ou justamente de não reprimi-la nem tratá-la, de educar os filhos ou de punir os delinquentes, de cuidar dos animais ou de medir o poder das máquinas depende da definição que dermos ao homem.”

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