ORIGEM DE UMA VIDA | Nikolay Sivenkov |
Por qualquer viés que se tente abordá-lo, o tema vida é inesgotável. É por isso que a ciência de um modo geral, a filosofia e as humanidades se debruçam, frequentemente, com vigor sobre o assunto.
Michael J. Benton, um paleontólogo britânico e professor da Universidade de Bristol, nos apresenta uma sucinta história da vida, desde a sopa primordial até o advento do humano.
É claro que o livro de 181 páginas tem apenas o propósito de nos mostrar um panorama de um campo tão profundo.
História da vida (L&PM, 2012) traz a odisseia dos organismos – dos micros aos macros – sobre o globo terrestre. As origens da vida, do sexo, dos esqueletos, o voo, as extinções em massa, os dinossauros, os ecossistemas modernos etc., são temas recorrentes na obra.
A grande lacuna de entendermos, hoje, a origem da vida diz respeito à não compreensão total de como o inorgânico se tornou um organismo funcional.
O experimento proposto por Miller e Urey, e depois reproduzido com mais complexidade por outros cientistas, desenvolveu somente aminoácidos, sem alcançar nenhuma estrutura parecida a um micro-organismo.
No entanto, devemos entender que o surgimento da vida aconteceu num intervalo de tempo de bilhões de anos. Para reproduzi-lo em dias, meses ou poucos anos precisaríamos entender todos os processos minunciosamente.
Sabemos que a ciência é uma forma de perceber/interpretar o mundo, e, por isso, há muito a apreender. Como afirmou Thomas Kuhn, na sua Estrutura, novidades fundamentais de fatos e teorias povoam o mundo da ciência, tornando-a passível de mudanças de paradigmas. Isto é, a ciência é um processo contínuo.
De forma rápida, a teoria endossimbiótica para a origem das células eucariotas também se faz presente no livro. Basicamente, esta teoria nos diz que um organismo procarionte consumiu ou foi invadido por outro procarionte, originando a mitocôndria – uma organela, com DNA, responsável, entre outras coisas, pelo armazenamento e geração de energia da célula.
Este evento gerou uma simbiose entre estes dois organismos, ou seja, uma interdependência, fato a partir do qual as células obtiveram mais complexidade de funções.
Após estas teorias de origens tanto da vida como dos seres eucariontes – mais complexos –, o texto passa a uma abordagem mais descritiva, levando em considerações descobertas, sobretudo, de fósseis.
Entretanto, nem tudo da paleontologia pode ser baseado apenas em fósseis, uma vez que nem sempre o registro geológico é possível. A maioria dos organismos não é fossilizada. Assim, o método científico carece de deduções.
O último capítulo do livro é reservado ao surgimento dos hominídeos e, em especial, do gênero Homo e da nossa espécie, o Homo sapiens. Como não é diferente para os outros capítulos, este também aborda o problema de modo breve, mas que nos introduz razoavelmente à questão.
Enfim, o livro é uma rica introdução ao tema a que se destina, de um ponto de vista histórico-descritivo. É uma pertinente leitura aos curiosos ou àqueles que pretendem adentrar às ciências da vida.
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