Panorama da Evolução

Efetivamente foi a teoria da evolução de Darwin que, ao associar a variação aleatória com a seleção natural, conseguiu banir da natureza a teleologia. 

Hans Jonas, em O Princípio Vida

BEAGLE | Conrad Martens
Hoje, depois das contribuições paradigmáticas de Charles Darwin, no século XIX, a compreensão da vida na Terra não prescinde da Teoria da Evolução. 

Entender a diferenciação de uma infinidade de organismos que habitam o globo terrestre é tarefa tributária da teoria evolucionária – esta, assentada em dados materiais, vale ressaltar. 

Os mecanismos de distinção dos seres retratam a corrida genética para a sua permanência, perpetuação e adaptação.

O livro Evolução (L&PM, 2012), do casal de biólogos evolucionários da Universidade de Edimburgo, na Escócia, Brian e Deborah Charlesworth, percorre o tema de maneira didática e panorâmica. Um escrito recomendável àqueles que têm interesse no tema e que ainda não possuem profundidade.

Contando com oito capítulos, dentre os quais a Introdução e o Posfácio, o livro apresenta desde os processos de evolução (mutação, seleção e deriva) até os “problemas mais difíceis”, que são a falta de indícios objetivos sobre a origem da vida e a aquisição da (auto)consciência humana.

No entanto, apesar desta dificuldade, os autores asseveram que há avanços nos estudos e experimentos.

O texto nos mostra que as similaridades existentes entre os diferentes gêneros e espécies são indícios que asseguram a evolução. Isto é, as semelhanças entre grupos de animais diversos corroboram para o fato de que “a mesma estrutura elementar foi consideravelmente modificada no decorrer da evolução devido a necessidades impostas por diferentes funções.” (p. 24).

Este fator pode ser derivado da base de hereditariedade que é comum a todos os organismos. Isso implica na transmissão genética no decorrer das gerações, as quais tanto preservam como acumulam pequenas mutações em seus genes, aleatoriamente.

Os padrões observados nos registros fósseis são indícios decisivos para a evolução das espécies. Os fósseis demonstram que há uma sequência padronizada no tempo, ou seja, os seres evoluem a partir de “modelos pré-existentes”.

A seleção e a adaptação – que são contínuas e nunca cessam – são submetidas às condições em que os organismos ocorrem, de modo que aqueles que apresentarem uma melhor resposta de sobrevivência e capacidade reprodutiva se sobressaem.

Os Charlesworth ainda afirmam que alguns reparos ocorridos em órgãos de diferentes organismos só têm sentido se vistos por uma perspectiva histórica. Por exemplo, o coração e o sistema circulatório de um mamífero refletem as sucessivas modificações que os fizeram mudar de um sistema que, originariamente, funcionava para bombear sangue do coração para as brânquias e para o resto do corpo de um peixe (p. 88-89).

Esta associação, dos autores, entre mamíferos e peixes refere-se à história evolutiva, uma vez que a evolução para seres terrestres, muito provavelmente, iniciou-se na água.

Por fim, a formação e a divergência das espécies na extensão do planeta – ou seja, a existência de organismos restritos a certos hábitats ou regiões – remetem-se aos eventos migratórios que possibilitaram a disseminação de genes.

Porém, se as migrações são raras ou desaparecerem em um espaço de tempo, as espécies de origem e de destino divergirão significativamente, levando em conta as particularidades de cada ambiente. Assim, segundo os cientistas, este é um fator importante na diferenciação, além das barreiras de cruzamento que o auxiliam e da evolução molecular.

Enfim, Evolução nos insere de maneira satisfatória e teórica ao complexo tema evolucionário. A obra não se atém à biologia evolutiva, o que careceria de um conhecimento mais profundo do leitor.

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